– Beth, faremos um call com o cliente hoje à tarde, pode participar?
– Claro, me mande um invite para não esquecer.
– OK farei isso. Por favor, dê um reply to all no email que mandei agora avisando a equipe que faremos a reunião de feed back amanhã pela manhã.
Repararam o que há de “anormal” neste diálogo? Talvez nem notem, afinal, estamos cada dia mais habituados com essas palavrinhas “aportuguesas” que temos inserido em nossa linguagem. Será que este diálogo ficaria “menos compreensível” se tivesse utilizado palavras totalmente em português?
Em toda podosfera, twitsfera e blogsfera a gente vê e usa termos como hispter, stalker, spoiler e tantos outros que, nada mais são, que termos comuns para denominar algo ou situação. Mas que preferimos utilizar num formato “americanizado” não é mesmo? Será que fica mais chique?
Tudo bem, pode ser muito importante aprender inglês e, mesmo eu odiando, este é o idioma mais falado no mundo. Mas será que as pessoas não estão exagerando em utilizar tantas palavras em inglês quando deixam a desejar na hora de fazer uso da gramática do seu próprio idioma? Será que todos nós sabemos o suficiente do nosso idioma para irmos com tanta sede para fazer uso de outro? E pergunto mais, será que sabem que o português é a terceira língua ocidental mais falada no mundo?
Você já ouviu alguém dizendo “Você devia estudar a língua portuguesa“? Não, acho que não. Pois é, na maioria das vezes as pessoas deixam de lado nossa língua materna e se empenham com fervor em falar o tal inglês com perfeição e influência. Não estou condenando quem o estuda, acho sim que é muito válido aprendê-lo, mas não concordo em deixar de lado o aprendizado da nossa língua, que é até muito mais completa que o próprio inglês.
Será que todo brasileiro que fala inglês sabe todos os tempos verbais da nossa língua portuguesa? Será que sabem o que é uma paroxítona ou proparoxítona? Sabem o que é uma prosopopéia? Duvido! Mas é claro, todos devem saber de cor o bendito verbo “to be”.
Meu questionamento não é sobre aprender ou não o inglês, mas sim, sobre não aprender bem a língua portuguesa. Pois é triste ver como as pessoas escrevem errado e quantos erros grotescos encontramos por aí: uso incorreto do Ç, colocação de S ou SS em lugares impróprios, aplicação incorreta de verbos, artigos, adjetivos e substantivos, e por aí vai. A agressão contra nossa língua mãe é extensa e severa.
Tenho plena consciência que preciso voltar ao meu curso de inglês, já que o meu “the book on the table” não tem me ajudado em nada, mas não deixo de lado meu fiel Aurélio e agora, o Sr. Pasquale, meu braço direito (e esquerdo também). Afinal, para mim, saber bem o “bom português” é fundamental.
A cada dia que leio e estudo um pouco mais sobre a nossa língua , vejo o quanto ainda tenho a aprender e me surpreendo com cada detalhe. É uma lingua complexa, mas muito rica e bonita, se bem analisada. É claro que a reforma ortográfica deixou muita gente confusa, mas convenhamos, não é nada assim tão monstruoso. O que nos falta mesmo é gosto, não só pela língua, mas pela nação.
Brasileiro tem mania de ostentar o que vem de fora, de encher a boca para dizer “este produto é importado“, e esquecem que muitos dos nossos produtos também são exportados e vendidos a preço de ouro lá fora. Tudo bem que temos muito do que se envergonhar, afinal, nosso políticos e demais serviços públicos são uma verdadeira escória, mas sei que tem gente por aí que só se orgulha de ser brasileiro em época de copa do mundo, e olhe lá, se o Brasil não der o vexame como nas últimas vezes.
O que me entristece mesmo é ver como o Brasil é visto lá fora: futebol, carnaval e mulatas. É como se nossa cultura resumisse a isso. E confesso, DETESTO este estereótipo. Mas brasileiro se contenta com isso né, para quê valorizar nossa cultura? Falar inglês é muito melhor, é “cool”!
Mas enfim, hoje escrevo apenas para deixar um recado: “Você já estudou um pouquinho da língua portuguesa hoje? Experimente! E pare de escrever como retardado em e-mails, blogs, twitter e afins.”
Pronto, falei.