Sempre fui fã de zumbis, mais precisamente do impacto que estes causam na vidas das pessoas, principalmente para aqueles acostumados aos luxos da civilização moderna. E me dou ao luxo de ser ooootáario e dizer que este meu gosto já vem de muito antes dessa moda toda, onde temos esse tipo de conteúdo em praticamente todo meio de entretenimento. Minha paixão vem da época em que raramente se via algo sobre mortos vivos canibais ou zumbis (Sim, são coisas diferentes). Onde coisas bizarras como vacas zumbis ou epidemias causadas por planos alienigenas eram pérolas, por mais galhofas que fossem.
Não que eu ache que a globalização dos zumbis seja algo ruim, muito pelo contrário. Afinal de contas, muita coisa boa disso veio seguido da HQ Walking Dead ou de jogos como Left 4 Dead ou Resident Evil em seu auge. O problema foi só a saturação do assunto e muito conteúdo meia boca sendo enfiados goela abaixo com muito mais do mesmo.
Provavelmente um dos principais responsáveis pela revitalização dos zumbis na cultura pop tenha sido “culpa” do filme da terra da rainha“Exterminio” e a releitura de “Dawn of the Dead”, vindo pra cá como “Madrugada dos Mortos”. Todos aqueles zumbis trazendo morte e caos (e correndo) e com a rotina que nos deixa tão seguros sendo lentamente destruida dia após dia, me rendeu e rende boas noites de pesadelos. Pois não é me transformar em um monstro acéfalo o que me apavora: é ver toda a rotina a qual me prendo com segurança ser destruida de uma hora pra outra, não importa o vetor da causa.
Mesmo sendo relativamente cedo para indicar, Fear the Walking Dead merece destaque. Podemos presenciar como a rotina daquelas pessoas foi afetada pelos mortos andantes, e como já era tarde demais até se darem conta do que estava realmente acontecendo. Mesmo já tendo um idéia prévia do que havia ocorrido com os fatos da série original, Fear the Walking Dead se destaca em mostrar como o dia a dia de uma familia, as preocupações gerais e problemas com entes próximos podem se tornar muito mais graves, quando nos vemos diante de crises com potencial tão destrutivo quanto uma doença que transforma as pessoas em errantes canibais.
Mais peculiar que a transformação em zumbis, é acompanhar a transição de aspectos de personalidade. Como alguns se mostram valorosos diante da dificuldade e como outros que eram praticamente inofensivos em nosso modelo de sociedade se tornam psicopatas ou coisa pior, alimentados por medo ou desespero dos iguais ao seu redor, uma fonte de manipulação poderosa e igualmente perigosa. O fim do mundo é um excelente celeiro para lideres, por mais peculiares que sejam.
Mesmo que não seja fã da série principal, Fear the Walking Dead pode lhe agradar muito, principalmente pelo fato de que as intrigas e dificuldades “humanas” são o destaque, quase tornando os mortos andantes e suas mordidas em segundo plano, ainda que a ansiedade e medo que estes causam como um dos pontos positivos da série, a ignorância é um ótimo tempero para o clima tenso da série.
Então tema os mortos vivos, pois suas mordidas são lentas e profundas, e destroem muito mais que a sua carne e consciência. E divirta-se! 😀