5 momentos em que Chrigor foi o cara mais sincero da música

“Como é que existe alguém que ainda tem coragem de dizer que os meus versos

não contém mensagem?” –

“Chrigor Lisboa mais conhecido como simplesmente Chrigor”. É assim que a Wikipédia faz para ele a melhor apresentação possível, mas não era preciso muito para chamar minha atenção logo de primeira.

Simplesmente, único, exclusivamente, puramente Chrigor veio na onda com milhares de outros pagodeiros que obtiveram fama no saudoso anos 90. Há uns meses, tentei traçar um perfil desse vocalista do outrora Exaltasamba, o primeiro grande protagonista do eterno coadjuvante Péricles.

Primeiras perguntas: como alguém conseguiu fazer sucesso com aquela voz, digamos, diferenciada? E este look descolorido, capilarmente falando? E esse jeito de dançar que denúncia e oculta – ao mesmo tempo – a malemolência de uma coreografia deveras inexistente? Havia comigo muitas dúvidas quanto a tão raro ser, mas eu gostava do que ele tinha a dizer. Ele, diferentemente de muitos que passaram com algum destaque naquela década, conseguiu deixar sucessos que perduram até hoje. Suas composições renderam muito bailinho à meia noite, à meia luz ok essa música não é dele. E isso tornou-se ainda mais evidente em seu sagrado (e porque não dizer aguardado) retorno à cena musical. Junto com Salgadinho do Katinguelê e Marcinho do Art Popular, chamaram na responsa o Amigos do Pagode 90, que acordou a fantasia de quem a gente não esperava assim tão de repente ok, essa música não é dele de novo.

Com esse retorno, comecei a prestar mais atenção no estilo e pude constatar alguns momentos em que ele foi profundamente sincero, como toda boa letra de pagode tem que ser.

Confessa que se apaixonou pela pessoa errada

Em poucas frases, Chrigor marcou no cancioneiro popular brasileiro uma verdade que, para muitos, é inconfessável. Mas faça essa avaliação interior e contabilize quantas e quantas vezes você se apaixonou pela pessoa errada. No caso do amigo , a paixão era por alguém comprometido, mas existem outras milhares de situações que anunciam o que a gente não quer ver: a pessoa errada é aquela por quem você está amargamente apaixonado. E ninguém, a não ser Chrigor, sabe o quanto você está sofrendo.

Admite que é sentimental

Relacionamento amoroso é aquele negócio que toma tempo, mas você gosta da sensação. O pagode melódico entende isso. Chrigor entende isso. Tanto que numa de suas letras ele revela que quer o amor sem cessar. E quando acontece de perder esse sentimento de vista, ele se desespera e sente saudade de si mesmo. Pura poesia.

Acha que ninguém é melhor que ninguém

O pagode é um dos poucos estilos musicais que não tem medo de dizer a que veio. Se você for buscar nos clássicos, há declarações limpas e sem medo de qualquer julgamento. Veja: “Só de pensar que a sua boca beijou outra boca eu sinto o gosto amargo da desilusão”, “Ninguém te pertenceu, ninguém te ama como eu”, Fica dentro do meu peito sempre uma saudade”, “Não sei dizer o que vou fazer pra me livrar desse amor”, “Deus me livre te amar”. Ou ainda, as perguntas sem respostas mais claras já realizadas: “Me diz o que é que eu faço com essa solidão?”, “O que é que eu vou fazer com essa tal liberdade?”, “Como é que uma coisa assim machuca tanto?”, “Lembrou de mim, né? Não me esqueceu, né?”, “Como vou deixar você se eu te amo?”.

Chrigor entendeu esse recado do coração e lançou aos mortais, já que todos somos iguais perante a lei, a indagação que coloca qualquer pessoa contra a parede: “”.

Leva a amizade acima de tudo

A formação do Amigos do Pagode 90 foi um grande acontecimento. Trouxe de volta os embalos 90tistas onde as pessoas puderam reviver o passado e tantos outros puderam conhecer essa maravilha. Uma das coisas mais marcantes é a amizade, pois essa lealdade foi quem reuniu o grupo. Em dado momento da música Louca Paixão, quando a letra diz “Tô carente, tô sozinho”, Chrigor brada aos quatro ventos: “”.

Mostra que quem não sabe também faz ao vivo

Apesar de uma carreira de sucesso absoluto, Chrigor é um cara humilde. Você não vê ele se vangloriando do sucesso, tampouco desmerecendo o sucesso alheio. Quem faz isso são os fãs, inclusive por sentir falta de ver certos grupos na ativa. Numa das apresentações do Amigos do Pagode 90, Marcinho Art cantou uma música nova. Enquanto a canção “Imagem de amor” era conduzida, a câmera passeia pelo estúdio e foca num movimento de Márcio olhando diretamente para Chrigor que só está acompanhando de lado. Ele, sem pestanejar, olha para Márcio e diz um tímido “Essa eu não sei”.

Simplesmente Chrigor, simplesmente digo: obrigada por inspirar esse post.