Filmes que talvez você devesse assistir – III

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Me desafiaram a não colocar um filme argentino nessas novas recomendações. Desafio feito é desafio aceito, então continuarei aqui o que fiz na primeira e na segunda parte desta série de indicações cinematográficas, promovendo aquilo que passa despercebido pelo grande público e que, talvez, para alguns seja de grande valor.

o-atentado_t78191_jpg_290x478_upscale_q90O Atentado (The Attack) – 2013

Dirigido por: Ziad Doueiri

Países de origem: Bélgica/Líbano/Qatar

Um médico cirurgião bem sucedido, de origem palestina, vive em Tel Aviv (Israel) onde exerce a sua profissão em um importante hospital. É na terra de judeus onde casa-se e constrói laços de amizade. Seu dia a dia é abalado quando uma mulher-bomba resolve se explodir num espaço público, causando dezenas de mortes e feridos. Chamado para socorrer as vítimas, acaba por se surpreender quando identificam quem era a autora do atentado: sua esposa. Seu mundo desaba e não tarda para que comecem os interrogatórios : “A que grupo terrorista a sua esposa fazia parte?”; “Qual o seu envolvimento com o ocorrido?”; “Por quê ela fez o que fez?”; e as respostas simplesmente não existem. Ele não sabia de nada. Lhe resta apenas buscar por respostas que rendam alguma luz sobre toda a questão. Enquanto isso, sua imagem de subalterno por ser palestino em meio ao povo de Israel volta a se tornar presente mesmo entre os amigos, que passam a encará-lo como um intruso, uma ameaça em potencial. Seus familiares na Palestina também o olham com suspeitas, por ter resolvido “viver com o inimigo” e fazer coro à ocupação. Exclusão, racismo, nacionalismo e sangue não abandonam aqueles que resolveram adotar caminhos diferentes na terra santa.

diplomatie_t89007_jpg_290x478_upscale_q90Diplomacia (Diplomatie) – 2014

Dirigido por: Volker Schlöndorff

Países de origem: Alemanha/França

1944 está chegando ao fim e a Segunda Guerra Mundial também. O III° Reich está ruindo em todas as direções, e as ordens que Hitler dá para os seus coronéis são claras: destruam tudo antes de recuar, não deixem pedra sobre pedra. Paris não deve ser polpada da devastação se Berlim também não for. Alemães armam explosivos nos quatro cantos da cidade, desde os pontos estratégicos até os simbólicos, com o objetivo de transformar a imagem da cidade luz em apenas uma lembrança remota. Para garantir que as ordens sejam obedecidas, as famílias de todos os oficiais do alto escalão alemão são mantidas como refém; em caso de traição, mulher e filhos são executados. Cabe apenas a um diplomata sueco, com bastante determinação e cautela, tentar convencer o coronel Von Choltitz a não detonar os explosivos e salvar a cidade. Baseado numa peça de teatro, o filme carrega muito da sua composição original dos palcos, com diálogos longos primorosos e que conseguem pretender a atenção daquele que assiste.

kis-uykusu_t76326_jpg_290x478_upscale_q90Sono de Inverno (Kis Uykusu) – 2014

Dirigido por: Nuri Bilge Ceylan

País de origem: Turquia.

Aydin é um ator aposentado que tem um pequeno hotel no centro da Anatólia, numa clima frio e severo. O hotel também é cuidado por sua jovem esposa Nihal, de quem é emocionalmente distante, e de sua irmã Necla, que ainda está sofrendo por conta de um divórcio recente. Ao cair da neve pesada, o isolamento com o mundo exterior é quase total, o que justifica a diminuição da clientela e o ócio dos que vivem do hotel. Cabeça vazio é oficina do diabo? Pois é nesse marasmo em que todos os problemas pessoais que foram suprimidos resolvem aflorar, demandando resolução. O filme tem um ritmo lento e pode soar arrastado para quem não está esperando (e tem mais de duas horas de duração), mas é justamente seu ritmo que permite trabalhar nos mínimos detalhes cada traço humano, transformando toda a obra também num valioso exercício da linguagem e, consequentemente, das possibilidades flexíveis do simbólico, do sensível, do imaginário. E se já não bastassem os cuidados em garantir humanidade para os personagens em cena, sentimos que cada espaço foi escolhido e tratado como único, particular, provendo um aspecto íntimo e também universal.

Rodrigo Barros

Sociólogo e às vezes filósofo de esquina; louco por teoria, livros e psicanálise. Escreve sobre política, sociedade, literatura e outras coisitas mais (ou não).
  • Pedro de Moraes

    Os filmes parecem ser interessantes, mas onde o senhor os assistiu?

    • Rodrigo Barros

      Na sua casa, comendo pipoca com vossa senhoria.

      • Pedro de Moraes

        Ah tá…Bem que eu estranhei o cheiro de marijuana que restou no ambiente…

        • Rodrigo Barros

          E as manchas no lençol…

          • Pedro de Moraes

            E as manchas rosadas em meu corpo…

  • Catena Hernandez. Nada demodê.

    Queria tanto comprar esses filmes mas notei q não tem link algum. Jogo dinheiro na tela e nada, nada acontece…