Witcher III e a saga literária do bruxo Geralt de Rívia

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Por Rafael Dias*

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Eleito Melhor Jogo de 2015 por três das mais importantes premiações do segmento – Golden Joystick Awards, Global Game Awards e The Game Awards –, é senso comum que The Witcher III: Wild Hunt está entre os melhores da nova geração. Essa performance se deve principalmente pela ambientação e enredo do game, no qual traduz perfeitamente o universo criado por Andrzej Sapkowski na série de livros sobre o bruxo Geralt de Rívia, protagonista da história em ambas as mídias.

Escritos pelo polonês nos anos 90, o cânone é composto entre sete e nove títulos (de acordo com a editora), e conta a saga do herói mercenário, que aos poucos deixa sua vida despretensiosa e se envolve numa trama épica, capaz de definir o destino do seu mundo.

Nesse sentido, a estrutura narrativa dos livros segue em sinergia com essa proposta, sendo os primeiros dois volumes compostos por contos – cada vez mais interligados entre si e com foco no desenvolvimento da personalidade de Geralt e sua interação com o entorno –, seguido por quatro romances nos quais se aprofunda a história em si. De fácil leitura, o autor mescla perfeitamente temas pesados (preconceito e as consequências de guerras, por exemplo) com momentos de bom humor, trazendo uma certa leveza e equilibram a narrativ

Expandindo o universo

Além de se aprofundar nas histórias do mundo de Geralt, reconhecer as referências do The Witcher III: Wild Hunt na série de livros é um exercício interessante, além de cobrir algumas lacunas deixadas pelo jogo. Um exemplo é a amizade entre o bardo Danderion e o bruxo, que em sua primeira aparição no game é reconhecido como “um grande amigo”. Contudo, a relação entre os personagens não é aprofundada e fica longe da ligação fraternal descrita nas páginas do best-seller e apresentada nos dois primeiros jogos da franquia.

Porém, no cânone literário a participação de Danderion – batizado “Jaskier” em algumas traduções, inclusive na brasileira, o nome original da versão em polonês – é muito mais ativa e seu companheirismo mais evidente, enriquecendo assim a experiência de quem conhece os livros garante melhor interação com o enredo. Isso ocorre com diversos NPCs (personagens não-jogáveis), desde os mais “esquecíveis” – o metamorfo Dudu – aos importantes – o rei Emyr, a feiticeira Yennifer, e a própria Ciri, um dos personagens mais importantes da trama.

Também vale notar o trabalho da Projekt Red, desenvolvedora do jogo, em trazer para a mecânica de The Witcher III a interação de Geralt com seu universo. Os contratos de bruxo e as sidequests (missões não obrigatórias) propostas simulam situações comuns descritas nos contos do bruxo, o que aprofunda a imersão dos jogadores familiarizados com os livros.

Games que contam histórias

A qualidade narrativa e a sinergia com sua base literária coloca The Witcher III: Wild Hunt como referência entre as obras deixa claro a capacidade dos videogames em contar boas histórias. Mais do que um excelente jogo de ação, a Projekt Red busca a evolução de mecânicas que exploram a interatividade e o potencial imersivo dessa mídia eletrônica.

Lista de livros da Saga de Geralt de Rívia:

  • A Espada do Destino (1992, edição brasileira: 2012)
  • O Último Desejo (1993, edição brasileira: 2011).
  • O Sangue dos Elfos (1994; edição brasileira: 2013)
  • Tempo do Desprezo (1995; edição brasileira: 2014)
  • Batismo de Fogo (1996; edição brasileira: 2015)
  • A Torre da Andorinha (1997; ainda não lançado no Brasil)A Dama do Lago (1999; ainda não lançado no Brasil e possivelmente dividido em duas partes)

*Rafael Dias é jornalista, corintiano e habitante da belíssima cidade de Osasco.

Rodrigo Barros

Sociólogo e às vezes filósofo de esquina; louco por teoria, livros e psicanálise. Escreve sobre política, sociedade, literatura e outras coisitas mais (ou não).
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